A pergunta é difícil, e vira-e-mexe volta a aparecer nas rodas de discussão. Os dois blogueiros desta Imprensa São-Paulina mesmo já se pegaram tendo este debate várias vezes ao longo de mais de duas décadas de torcida pelo Tricolor. Nossa discussão, ofuscada pelo sucesso do São Paulo nos últimos 20 anos, invariavelmente girava ao redor de Raí e Rogério Ceni.
Mas um torcedor ilustre do São Paulo acaba de trazer à tona um nome há muito esquecido. Dr. Catta-Preta escreveu mais um crônica sensacional, publicada no Blog do Marcello Lima (o texto, imperdível, você encontra aqui), e para ele o maior jogador da história do São Paulo FC é ninguém menos que Leônidas da Silva.
O argumento em defesa do Diamante Negro, como era conhecido Leônidas, é fortíssimo. Catta-Preta aponta que o São Paulo FC era um clube recém-fundado, caminhando aos trancos e barrancos, sem projeção de grandeza nas quatro linhas, diante de adversários temidos e tradicionais, como o antigo Palestra Itália (atual Porcaria) e o Curíntia. Em 1942, Leônidas veio para o futebol paulista por uma pequena fortuna, e muitos diziam que estava em fim de carreira. Mas foi sob sua batuta que surgiu, não mais que de repente, o "rolo compressor" Tricolor, que faturou os paulistas de 43, 45, 46, 48 e 49. Moral da história: é graças a Leônidas que o São Paulo adquiriu o respeito dos rivais e passou a ser visto como um time grande, futuramente destinado a suplantar em grandeza todos os demais. É onde começa a história vitoriosa do São Paulo, e nada do que veio depois, argumenta Catta-Preta, pode ser mais importante que isso.
Com seu texto fluente e rico, o Catta quase me convenceu. Mas temo que essa seja, na verdade, uma discussão cuja principal característica é ser interminável. Primeiro porque a primazia pode ter sua relevância, mas qual das primazias é mais importante? Leônidas trouxe o Tricolor para o mesmo patamar de Porcaria e Curíntia. Raí levou o São Paulo a igualar os feitos do Santos de Pelé. Rogério Ceni bateu todos os recordes, se tornou o maior goleiro-artilheiro do mundo, conseguiu conquistar o terceiro mundial do Tricolor e conduziu o São Paulo a um inédito tricampeonato (coisa que ninguém antes no São Paulo tinha feito), desta vez em escala nacional (coisa que ninguém de nenhum lugar tinha feito). Qual desses é mais importante?
Difícil dizer.
De toda forma, ler os textos do Catta-Preta me traz velhas lembranças. Talvez ele não se lembre, mas já estive com ele em uma ou duas ocasiões, muitos anos atrás -- jogando botão, na casa de um amigo em comum. Lá, embora sem muito sucesso no campeonato (que contou com presenças ilustres, como a do narrador e aspirante a botonista José Silvério), entrei em campo (ou em mesa, sei lá como se diz) com o que, para mim, na época, era o meu "São Paulo de todos os tempos".
A escalação do meu time de botão: Zetti, Cafu, Bellini, Dario Pereyra e Leonardo; Falcão, Gérson e Raí; Müller, Leônidas e Serginho. No banco, se eu precisasse, ainda tinha o zagueirão Oscar e o centroavante Careca.
A única ausência sentida, 15 anos depois, é Rogério Ceni. E fica uma menção honrosa para Roberto Dias. Mas fico feliz de, naquela ocasião, ter escalado Leônidas.
De toda forma, a sensação que fica é que talvez, para um clube da grandeza do São Paulo, seja impossível eleger o maior jogador de todos os tempos. A tarefa fica mais fácil (mas ainda assim bem difícil) se escalarmos, de cara, um "onze".
E aí, qual seria o seu all-star São Paulo de todos os tempos?
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
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Um comentário:
All-Star... escalar isso é sempre divertido. Vamos lá.
No 4-4-2: Rogério Ceni; Cafu, Rui, Mauro Ramos, Noronha; Bauer, Gerson, Zizinho, Raí; Leônidas e Canhoteiro.
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