O clássico entre São Paulo e Corinthians já vai completar uma semana, mas as repercussões sobre a confusão que se deu na saída da torcida alvinegra continuam a reverberar nos corredores dos clubes e nos gabinetes das autoridades responsáveis pela segurança pública.
A Imprensa São-Paulina confessa: não foi por esforço de reportagem, mas por pura sorte que encontramos uma testemunha ocular crucial para entendermos o que se passou no estádio Cícero Pompeu de Toledo naquele fim de tarde de domingo.
Este torcedor, que prefere não se identificar para não se misturar à confusão e politicagem crescentes, viu o jogo num dos camarotes do andar inferior, acompanhado por sua esposa, sua irmã e seu cunhado.
Ao caminhar para a saída, ele transitava pela Rua Laudo Natel (área interna do estádio que é usada como estacionamento privativo por membros do clube) quando, a cerca de cinco metros de distância, ele testemunhou uma grade pesada ser arremessada e cair sobre um Mercedes Classe A. "Vi caindo e arregaçando o carro", relata. "Depois jogaram um hidrante atrás da gente. Ainda bem que ninguém se feriu."
Em seguida, ele ouviu a explosão de três bombas, e o corre-corre no anel superior teve início. Detalhe: ele é testemunha ocular de que NÃO HOUVE ARREMESSO DE BOMBA DA RUA LAUDO NATEL PARA O SETOR DE SAÍDA DA TORCIDA DO CORINTHIANS.
"Não, cara. Só tinha gente saindo dos camarotes, deficientes físicos e até corintianos que sentaram nas cadeiras vermelhas. Os caras fizeram merda sozinhos."
Este fato é crucial para as investigações, porque demonstra que o confronto foi exclusivamente entre a torcida do Corinthians e a polícia, sem qualquer elemento externo que justificasse a ação selvagem dos "mártires".
"Os corintianos ficaram putinhos, pois teriam de esperar para sair, e começaram a arregaçar tudo, inclusive jogando as grades-cavaletes, extintores e hidrantes pra baixo, sem nem sequer olhar o lugar em que as coisas iriam cair", relata este torcedor.
"Foi uma sorte absurda não ter ninguém andando na calçada da Rua Laudo Natel na parte atingida, ou alguém dentro dos carros arrebentados. Lá estava cheio de deficientes físicos em cadeiras de rodas, pois a rua também é acesso ao setor especial", completa. "Foram atos de selvageria extrema. Cara, jogar essas coisas pesadas pra baixo foi pura tentativa de homicídio. Ver uma grade-cavalete de 100 kg despencando de uns seis metros de altura e destruindo um Classe A é algo que não se vê todo dia."
Com isso, é difícil colocar culpa em muro, torcedor do time mandante, polícia... a confusão se deu, única e exclusivamente, no setor dos visitantes, e por pouco não há mortes decorrentes do vandalismo dos "mártires".
Não é à toa que, fora do setor visitante, as autoridades não registraram nenhuma emboscada, nenhum confronto, nenhuma confusão.
Lamentável é que a diretoria do Corinthians, fiando-se apenas no conflito de versões e numa vontade de exercer populismo da pior espécie, queira lançar uma guerra total contra o São Paulo Futebol Clube -- entidade que nada mais fez que se esforçar ao máximo para zelar pela segurança daqueles que, verdadeiramente, estavam ali para apreciar o espetáculo.
UPDATE: Segundo a Polícia Militar, já foi identificado o torcedor -- do Corinthians, claro -- a detonar a primeira bomba. Ele teria arremessado o artefato na direção do estacionamento do Morumbi, e a explosão iniciou o caos no andar superior. Note que esta informação (divulgada aqui) corrobora o depoimento colhido acima, destacando que, da área do estacionamento mesmo, ninguém jogou nada na direção da torcida visitante. Estou curioso para saber o que Andres Sanchez irá falar de mais este "mártir" corintiano, detido temporariamente pela polícia.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
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6 comentários:
Não adianta nada esse cara ver e não falar para ninguém, enquanto alguns vários jornalistas calhordas na TV (a maioria estava num certo programa de TV, no domingo à noite) e em blogs afirmam que houve bombas lançadas por são paulinos, inclusive que as imagens mostram isso.
Polícia diz ter prendido torcedor que jogou bomba em clássico no Morumbi.
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Futebol/Campeonato_Paulista/0,,MUL1012266-9839,00.html
Ou seja, se era torcedor das próprias frangas, ninguém jogou bomba do clube.. o que pra nós, era evidente.
Crucial? Crucial porque? Se nem nome ele deu? Sou são paulino, doente...mas calma né? Só porque um são paulino falou isso em OFF não é um fato crucial que vá mudar muita coisa em uma história como essa. Sejamos sensatos...Não espere um grande OHHHHH de ninguém
Gustavo,
pra efeito de as autoridades solucionarem o caso, de fato, o anonimato dele não ajuda.
Por outro lado, este torcedor, embora anônimo para vocês, é uma fonte extremamente confiável. Portanto, ele é uma testemunha crucial para *nós* sabermos o que realmente aconteceu.
Até ouvir a história dele, eu ainda dava o benefício da dúvida à narrativa defendida por corintianos, de que eles foram "bombardeados" primeiro. Agora, sei que a história não se sustenta mais.
Então, para tornar uma longa história curta, o depoimento dele não muda muito para a oficialidade do negócio, mas pode mudar muito para os leitores da Imprensa São-Paulina.
Abraços,
Salvador
P.S.: Confesso: quando ele me contou a versão dele, eu fiz "OHHHHH".
Nenhuma surpresa que os galináceos tenham feito a zorra sozinhos, afinal, durante o jogo já arremessaram três bancos no gramado (na expulsão de André Santos, no gol de Borges e até no gol do lateral expulso depois). E ainda arrebentaram o vidro que separa os setores.
Fora lá pra arrumar confusão, isso tá na cara. E conseguiram. Mas com a PM, e não com os tricolores. Aí...
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