quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Quem morre de véspera é peru

Hoje ocorre o jogo que tem tudo para selar definitivamente a sorte do Campeonato Brasileiro: São Paulo e América-RN. O Tricolor joga por um empate no Morumbi para definir, com quatro rodadas de antecedência, sua permanência como primeiro colocado até o fim da competição -- mesmo que perca todos os jogos que lhe restam. Tem tudo para ganhar e fazer a festa da torcida, que lotará o velho Cícero.

Apesar disso, confesso que me dá certo incômodo ver todas as preparações para a festa sem nenhuma garantia que ela de fato ocorra. Basta um golzinho do América para estragar tudo. Como me disse um amigo anteontem, "já pensou se o América vence o jogo?". Tudo bem, o amigo era corintiano, mas isso não muda o fato de que até a mais previsível das partidas de futebol é imprevisível (teremos mais tempo no hiato entre temporadas para falar neste blog de amenidades como essa, inclusive).

Claro, essa imprevisibilidade do futebol também não muda o fato de que o América é o lanterna do torneio, já está rebaixado, e tem um time que consegue ser ainda mais fraco que o daquela equipezinha da Marginal. Ou seja, o São Paulo tem o dever moral de vencer.

E aí o campeonato termina quatro rodadas antes do fim. Várias coisas a se comentar:

- Desde quando campeonato por pontos corridos não tem final? E esse jogo de hoje? Vai *lotar*. Posso estar errado, mas o principal benefício da existência de finais de campeonato é a capacidade de atrair o público. Então, qual seria a vantagem de termos um campeonato com mata-mata, se os pontos corridos, além de valorizarem muitos outros jogos que não seriam "finalíssimas", ainda ofertam a possibilidade de produzir verdadeiras finais? Tem que ser idiota (ou negar os números de público nos estádios, que só fazem por aumentar desde a introdução dos pontos corridos) para achar que é preciso mudar o regulamento para "dar graça" à competição. Dar aleatoriedade, sim -- com o mata-mata, o pior tem maior chance de vencer. Mas, para mim, isso não é graça. E futebol é coisa séria. Clube que investe, que é bem gerido, tem que ter vantagem competitiva. Senão você encoraja a baderna. Tem time por aí que adora uma bagunça. Mas não é assim pelos lados do Morumbi. Queira ou não, o São Paulo Futebol Clube não é apenas o maior campeão entre os times brasileiros. É o orgulho do Brasil. E deve ser premiado por isso.

- Para quê ter "final" de campeonato se a televisão não se importa em transmitir? Tudo bem, o jogo que rivaliza em interesse é um clássico nacional, com as duas equipes de maior torcida, e com uma disputa que, de um lado, é um passo importante para a Libertadores, e de outro, é um passo importante para a Série B. Vale? Vale. Mas vale mais que o jogo que *define* o campeonato? Eu vou repetir: *DEFINE*. Só podem estar de brincadeira. Depois a torcida xinga o narrador no jogo da Seleção e ninguém entende por quê...

- Se tudo correr bem, hoje termina a temporada para o São Paulo. Ainda tem quatro jogos pelo Brasileirão, mas será mais para testar novas peças -- ou seja, prepará-las para o ano que vem. Será interessante acompanhar essa "pré-pré-temporada" e ver o que algumas das revelações têm a oferecer a este elenco. Até porque o glorioso presidente do Tricolor, Juvenal Juvêncio, já disse que não vem ninguém de peso pro ano que vem. Né por nada não, mas torçamos para que não seja o início do Projeto Seja-O-Que-Deus-Quiser-Na-Libertadores.

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