O vencedor da guerra de patrocínios

O time sem-estádio/sem-história/freguês-do-Tricolor divulgou seu patrocínio master para 2009. As frangas vão se vestir, apropriadamente, com a marca da mocinha aí ao lado. É a carinha delas, não?

Falando sério. A notoriamente mau-caráter diretoria do Curíntia não divulgou valores, mas minhas fontes dizem que ficou ao redor de R$ 18 milhões, por dez meses, a contar da data da assinatura.

Detalhe curioso: se foi assinado hoje, 19 de março, o contrato vence no dia 19 de janeiro. Já o aditamento do São Paulo com a LG, provavelmente assinado no dia 15 de janeiro, vence após um ano completo. Termina, portanto, em 15 de janeiro do ano que vem.

Podemos esperar, portanto, que essa guerra de patrocínios entre o Soberano e o Suburbano vá ter um segundo round em 2010 -- ano em que o pessoal da Marginal S/N comemora um século sem Libertadores.

Mas será que existe mesmo esta guerra?

Número por número, o contrato master do Curíntia é maior: o do SPFC, com os reajustes pertinentes previstos em contrato, ficou ao redor de R$ 16 milhões, a serem recolhidos até janeiro de 2010. O das frangas teve R$ 2 milhões a mais, a serem recebidos no mesmo período.

Em compensação, o Curíntia passou os últimos dois meses "operando no cheque especial", por assim dizer, e há a distinta impressão (muito bem fundamentada pelo blogueiro Emerson Gonçalves, aqui) de que essa atitude acabou fazendo o benefício real do contrato maior do Curíntia ser menor que o do negociado pelo São Paulo, dois meses antes.

Mas não usemos esse argumento. Falemos, em vez disso, dos patrocínios menores que o clube do Morumbi arregimentou em ações ligadas diretamente a seu estádio, que recolheram mais R$ 12 milhões livres para os cofres do clube.

O Curíntia, por seu lado, fez um novo contrato com a Nike, que passará a vigorar a partir de 2010 e vai até 2014 -- cinco anos, portanto. São R$ 15 milhões por ano. Em 2009, o time sem-estádio pegou os R$ 5 milhões do contrato anterior.

O contrato atual da Reebok com o São Paulo vai até o fim de 2010 e vigora desde 2008 -- três anos. O valor é de cerca de R$ 14 milhões anuais.

Nos dois casos, estamos falando dos valores fixos, sem os variáveis por royalties da venda de produtos -- Reebok tem exigência de construir mais lojas voltadas para o torcedor são-paulino e tem cota não-divulgada de royalties pagos; Nike pagará 18% de royalties (ótimo número!) por cada produto vendido.

Ou seja, se somarmos tudo, temos em 2009:


São Paulo
Master - R$ 16 milhões
Mangas e calções - zero
Patrocínios de oportunidade - zero
Estádio - R$ 12 milhões
Fornecedor - R$ 14 milhões

Total: R$ 42 milhões


Curíntia
Master - R$ 18 milhões
Mangas e calções - por ora, zero, mas deve entrar um troco (80% do valor, quando fechado, vai para o Ronaldo)
Patrocínios de oportunidade - 1 milhão (dois jogos, estimativa de 500 mil cada, arredondando muito para cima, por dó deles)
Estádio - HUAHUAHUAHUA!
Fornecedor - R$ 5 milhões

Total: R$ 24 milhões

Se mangas e calções, juntos, fecharem por 30% do valor do master, e 80% disso for para Ronaldo, o Curíntia teria mais R$ 1 milhão pra brincar.

Total dos sonhos do Curíntia: R$ 25 milhões

Nas cotas de TV, há empate técnico: cerca de R$ 31 milhões para cada um dos dois.

Ou seja: a diretoria mau-caráter pode fazer bravatas, falar asneiras e só assinar contratos com números maiores que os do SPFC que ainda assim eles terão que comer muito arroz-com-feijão para vencer essa guerra dos patrocínios. Já a guerra de informação, claro, a imprensa ajudará o time sem-estádio/sem-história...