Olha, vamos começar esta análise separando duas coisas: primeiro, o resultado. O São Paulo precisava vencer esta fora para se tranquilizar na sequência da Libertadores e melhorar suas chances de terminar como líder do grupo. Foi ao Paraguai, venceu por bom placar e voltou para casa com os 3 pontos. Muito bem, por ora é isso o que conta.
Mas que ninguém se engane: a partida feita pelo São Paulo foi muito, mas muito ruim mesmo. Foi certamente a pior do time na Libertadores. Alguns jogadores estavam irreconhecíveis -- Cicinho, Hernanes e Jean em especial estiveram terríveis, quebrando a espinha dorsal do time.
O engraçado é que os primeiros 10 minutos do Tricolor foram excelentes. Ricardo Gomes mandou a campo um 4-4-2 com Rogério Ceni, Cicinho, Alex Silva, Miranda e Junior Cesar; Jean, Ricky, Hernanes e Marcelinho Paraíba; Dagoberto e Washington.
Com a equipe compacta e passes rápidos e precisos, o time criou duas chances logo de cara e dava pinta de que seria um jogo tranquilo. Mas tudo mudou da água para o vinho não muito tempo depois. O São Paulo começou a errar passes, e o Nacional passou a acreditar que poderia fazer mais.
Marcelinho Paraíba (que fez outra partida ruim, salvo por este lance) chegou a colocar Washington na cara do gol ainda no primeiro tempo, mas o artilheiro perdeu. Confesso: xinguei um bocado, porque sei que, em Libertadores, tem jogo que só aparece uma chance dessas. Felizmente não era o caso da noite de ontem.
No segundo tempo, Ricardo Gomes fez uma boa substituição: tirou Marcelinho e colocou alguém com mais capacidade para organizar o meio-campo, Cléber Santana. O meia-volante entrou bem e ajudou o São Paulo a ocupar melhor aquele espaço. Mas isso não impediu o time de tomar sufoco em bobeadas na defesa, mesmo voltando a um 3-5-2 com o recuo de Ricky para a zaga.
Felizmente Dagoberto, aos 13 minutos, fez bela jogada pela esquerda e explorou a já famosa linha burra do Nacional (vide jogo do Once Caldas contra eles, lá no Paraguai mesmo), colocando Washington novamente na cara do gol. Desta vez o artilheiro driblou o goleiro e colocou fácil para o fundo da rede. O 1 a 0 deu maior tranquilidade ao São Paulo, mas continuamos ameaçados por bolas erguidas na área e chutes de longa distância.
Rodrigo Souto entrou no lugar do apagado Cicinho para ajudar a fechar o meio, e a última alteração foi por cansaço: Dagoberto, bem no jogo, deu lugar a Fernandinho. E foi do atacante que entrou o passe para o segundo gol, de novo de Washington. Mas o placar foi sacramentado apenas aos 44 do segundo tempo, o que dá uma mostra de que o 2 a 0 não reflete a dificuldade da partida.
Já falamos aqui antes, mas não custa reforçar: esse time do Nacional é RUIM DEMAIS. Então, o fato de o jogo ter sido difícil é um demérito do São Paulo, muito mais do que um feito do adversário. Se fosse um rival mais qualificado, o Tricolor não teria conseguido se dar bem.
Ou seja: continuamos com um excelente elenco, resultados aceitáveis e um futebol abaixo da crítica. Diferentemente de alguns, não acredito que esse seja um problema do esquema de jogo. Acho sim que o São Paulo perde muito quando Hernanes não joga bem. E ele tem ido mal sistematicamente. Ontem, o fato de Jean também ter ido mal colocou o time em razoável perigo, a despeito do frágil adversário.
Mas ainda acredito. O time é tão bom no papel que é difícil achar que, em algum momento, ele não vai se encaixar. Vamos que vamos.
OS JOGADORES:
Rogério Ceni: Fez uma defesa importantíssima, com o pé, salvando um gol certo do Nacional. Com isso, garantiu o resultado até o São Paulo abrir o placar.
Cicinho: Depois do bom desempenho contra a Ponte, voltou à tônica da maioria dos seus jogos desde a volta ao São Paulo. Rendimento baixíssimo, na defesa e no ataque.
Alex Silva: Falhou num lance no primeiro tempo, deixando o atacante se colocar à frente dele para concluir de cabeça para o gol. De resto, fez ótima partida.
Miranda: Partida tranquila para ele, mas sem grande destaque. Cumpriu o exigido.
Junior Cesar: Jogador que está crescendo de produção como lateral-esquerdo clássico. Falta apoiar um pouco mais, mas foi melhor que seu colega da direita.
Jean: Péssimo, irreconhecível. Mal na marcação, quase entregou o ouro com passes errados e se precipitou em chutes do meio da rua, sem direção, nas poucas descidas ao ataque. Partida para esquecer.
Ricky: Fez uma ótima partida. No primeiro tempo, chegou a me preocupar muito o fato de ele ter sido o melhor do time. Sua aplicação defensiva, sobretudo no segundo tempo, e as perigosas chegadas ao ataque, sobretudo no primeiro, realçaram seu bom desempenho.
Hernanes: Peraí. Ele estava em campo? Não vi.
Marcelinho Paraíba: Não foi o pior do meio-campo, mas só pelo fato de que Jean e Hernanes foram bisonhos. E é impressionante como este homem desaprendeu a bater escanteio de uma temporada para outra. Alguém me explica?
Dagoberto: Boa partida, dando mobilidade e lucidez em poucas, mas boas, jogadas de ataque. No segundo tempo, com a saída do Marcelinho, cresceu de produção.
Washington: É aquela coisa. O cara tem o direito de perder gols, contanto que também os faça e o time vença. Foi o que aconteceu hoje, e ninguém pode negar que, caneludo ou não, ele tem ótimo senso de colocação na área. Os gols dele parecem "fáceis", mas isso é porque ele se coloca bem para concluir. (Por essa razão também os gols que ele perdem parecem imperdoáveis.) Merece uma boa nota pelo jogo de ontem.
Cléber Santana: Fez boa partida, mais solto para criar e sem grandes preocupações defensivas. Deu um toque de bola mais qualificado ao meio.
Rodrigo Souto: Como esse homem é discreto! Ele sempre entra no final, e eu nunca o vejo jogar. Não entenda isso como crítica, é sinal de que ele trabalha para o time -- exatamente a função dos volantes.
Fernandinho: Entrou bem, fazendo a mesma função do Dagoberto, mas com fôlego novo. É interessante notar a diferença de estilo entre os dois. Enquanto o Dagol prefere entrar na área pela diagonal, o Fernandinho busca mais a linha de fundo. Para o Washington, o estilo do ex-jogador do ex-Barueri é mais interessante.
O TREINADOR: Ricardo Gomes escalou bem e mexeu bem. Mas fica difícil qualquer treinador consertar um time quando o lado direito pelo meio está completamente morto (falo de Jean, volante pela direita, Cicinho, lateral-direito, e Hernanes, meia direita). A única crítica que faço a ele não diz respeito especificamente ao jogo de hoje, mas à temporada como um todo: por mais que só agora ele tenha o elenco todo à disposição, isso não pode servir como desculpa para o péssimo futebol apresentado pelo São Paulo, que só consegue jogar quando o adversário deixa. Certamente teremos desafios maiores que este e o time claramente ainda não está pronto. Resta saber até quando a comissão técnica falará que "ainda há muito que evoluir". O tempo está acabando.
sexta-feira, 12 de março de 2010
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5 comentários:
resultado excelente para nós...
o nível baixo do jogo, nao preciso nem comentar, quem nao assistiu ao jogo basta ler o post do Salvador, disse tudo...
jogamos com 10 boa parte do jogo. o Hernanes tava mais pra jogador do Nacional... o que ele errou de passes ontem... é brincadeira...
e a nossa Ana Maria Braga... nao vem jogando absolutamente NADA... tá na hora do marcelinho esquentar um pouco o banco...
Saudaçoes!!
@ibascherotto
"por mais que só agora ele tenha o elenco todo à disposição, isso não pode servir como desculpa para o péssimo futebol apresentado pelo São Paulo, que só consegue jogar quando o adversário deixa. Certamente teremos desafios maiores que este e o time claramente ainda não está pronto."
Disse tudo. O time está aos trancos e barrancos, uma zona. Marcelinho e Cicinho parecem estar competindo pra ver quem consegue ser o título de peso-morto do time. Se a gente pegar uma pedreira nessas condições, já era. Pior que apostei grana no tricolor... André
fica andre... tu nao vai perder dinheiro... =D
Espero, Ivan. Apostei com um amigo meu corintiano que o tricolor vai mais longe na Libertadores que ronaldo e os travecos. André.
André, concordo com o Ivan. Ainda não é o caso de dar sua grana como perdida.
Primeiro, porque o São Paulo ainda pode melhorar na competição (não adianta nada jogar bem os primeiros jogos e, quando o bicho pegar, estar mal).
Segundo, porque o Curíntia não está mostrando muito mais futebol que a gente (ganhou no sufoco do Racing do Uruguai e empatou no rabo contra o Independiente Medellín, sem falar no desempenho inferior ao nosso no Paulistinha).
Tenha fé. Tudo vai melhorar!
Abraços 6-3-3,
Salvador
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