segunda-feira, 4 de maio de 2009

As muricices de Muricy

Vamos lá. Já que notícia não tem mesmo, vamos divagar um pouco.

Muricy está treinando o time como nunca neste primeiro semestre. Pôde parar por mais de duas semanas e testar todas as variações táticas possíveis. Infelizmente, tirando os próprios treinos, não deu para experimentar nenhuma delas contra um adversário de verdade. Resultado: é grande a incógnita para o começo das oitavas-de-final da Libertadores.

Dizem por aí que a formação testada por ele em jogo-treino teve Dagoberto como titular, jogando na meia, e Jorge Wagner na ala, com Arouca do outro lado e Junior Cesar no banco.

Medo. Muito medo.

Não que eu seja contra experimentações com Dagol. Achei que ele foi bem na ala direita, ou abrindo como meia avançado num 4-4-2. Mas de repente o Muricy decidiu fazer a mesma tentativa, só que com um 3-5-2. O time fica mais combativo do lado direito, mas perde ofensividade do lado esquerdo. (Junior Cesar não estava brilhante, mas estava longe de ser o nosso problema.)

Enfim, experiências, experiências, experiências... isso é o que mais me assusta. Dá uma certa segurança saber como o time joga, como se comporta, mesmo com várias variações possíveis. Mas essas duas semanas e meia sem jogo vão deixar todo mundo no escuro, e Muricy vai poder abusar de experimentar. Pode dar muito certo. Pode dar muito errado. Só saberemos na semana que vem.

A GRIPE, OH, A GRIPE. Por falar nisso, o adiamento dos jogos dos mexicanos (contra São Paulo e Nacional) foi a coisa certa a fazer por parte da Conmebol. Assim, a entidade ganhou tempo para que as pessoas percebessem que esta gripe suína nem é um bicho-de-sete-cabeças.

Talvez seja o meu viés como jornalista de ciência, que está acompanhando de perto todos os avanços da pandemia com uma compreensão mais técnica do assunto. E o que estamos vendo, a cada dia que passa, é que essa gripe nem é tão perigosa quanto se supunha. A taxa de mortalidade se reduz a cada dia (nos EUA, por exemplo, temos mais de 200 casos, e uma única morte) e começa a ficar parecida com a gripe comum. Ninguém tem medo dela, mas saiba que, apenas em 2009, já morreram 55 pessoas pela gripe comum. Já a gripe suína, matou por lá apenas um. Ou seja, o novo vírus não parece muito mais mortal que o velho, que enfrentamos todos os anos.

Quem sabe, com uma semana a mais, os países da América do Sul ficam mais tranquilos e liberam a vinda dos mexicanos para o jogo, ou, o que acho mais razoável, o jogo acaba indo mesmo para o México, só que numa região menos afetada pela gripe.

A atenção da mídia com o assunto faz parecer que os mexicanos são todos uns leprosos. Não custa lembrar que o vírus (1) está longe de ser a máquina mortífera que parecia a princípio, e (2) apenas uma minúscula população do México teve casos confirmados da doença. São 727 casos confirmados (até o momento desta publicação), para 109 milhões de mexicanos. Usando só esses números, a chance de um jogador qualquer ter a doença é de 1 em 150.000. Não dá pra ficar muito apavorado, né?

É aquela coisa. Claro que é importante combater a doença e contê-la o mais que for possível (como também é importante fazer campanhas de vacinação contra a gripe tradicional anualmente, o que salva muitas vidas). Mas não é para arrancarmos os cabelos, folks.

Um comentário:

Edison Waetge Jr disse...

Muito a propósito seu comentário sobre a gripe. São poucas as pessoas que ousam ir contra a maré do sensacionalismo que está ajudando a dar audiência e vender jornais.
Isso pra não mencionar que essa gripe já ressuscitou um monte de gente. Dos cento e tantos mortos iniciais só restam 26.
Interessante ler também, se me permite: http://brasil.melhores.com.br/2009/05/ah1ni_de_baixa_virulencia.html