sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tá encaixando...
SPFC 3x1 Barueri

Ainda não dá para dizer que deu certo, mas já dá para dizer que o Ricardo Gomes tem o mérito de ser o treinador, desde 2003, que chegou mais perto de conseguir implementar a volta do 4-4-2 no São Paulo. Foi assim que o São Paulo foi a campo ontem para enfrentar a fraca equipe do Barueri, no Morumbi.

O time foi escalado com Rogério Ceni, Renato Silva, Xandão, Miranda e Jorge Wagner; Jean, Ricky, Carlinhos Paraíba e Cicinho; Marcelinho Paraíba e Washington. A surpresa da escalação foi a presença do Carlinhos Paraíba. Outra surpresa foi ele não ter jogado mal, principalmente no primeiro tempo. Quando esses jogadores começam a entrar e funcionar (ele foi bastante combativo e fez diversas triangulações pelo lado esquerdo, com Ricky e Jorge Wagner), é sinal de que o time começa a assimilar o novo padrão tático.

A partida foi dominada do começo ao fim, e eu ousaria apostar que a posse de bola do São Paulo girou ao redor dos 60-70% durante todo o jogo. Tomamos um gol numa falha do Rogério, que deu um passo à frente esperando um cruzamento numa cobrança de falta e acabou surpreendido quando a bola foi direto para o gol. O Barueri ainda tentou alguma coisa dentro da área (Rogério defendeu bem essas) e com alguns chutes de fora da área (todos para fora, praticamente), mas pouco ameaçou.

Já o São Paulo, além dos 3 gols marcados, perdeu algumas oportunidades. Washington perdeu uma cara a cara com o gol, depois de driblar o goleiro, e Marcelinho Paraíba chutou uma no travessão, só para citar dois exemplos.

O time apresentou dois problemas preocupantes e que exigem acertos por parte de Ricardo Gomes:

1) Nosso meio-campo, sobretudo os dois volantes de contenção, é muito pouco combativo. Faz uma marcação frouxa, de cerco, o que facilita para que os adversários cheguem mais perto da área. Na minha modesta opinião (há quem discorde), este NÃO é um problema do esquema. Não faria diferença ter 3 zagueiros, ou mesmo 8 zagueiros, se os adversários não são incomodados até chegarem à área do São Paulo. É preciso que Jean e Ricky (ou quem estiver fazendo a função de volante de contenção) dêem combate mais agressivamente na intermediária para a frente, a fim de evitar complicações. Isso implica até mesmo fazer algumas faltas naquela região do campo, que o São Paulo hoje não faz. Falta também faz parte do jogo e é um recurso que precisa ser usado com inteligência. Hoje, por falta desse combate no meio, as faltas acabam sendo feitas pelos laterais ou zagueiros, normalmente nas proximidades da área. Está errado.

2) O São Paulo precisa decidir com mais rapidez as partidas. É importante ter o domínio completo do jogo, como o Tricolor teve ontem contra o Barueri, mas não basta isso: é preciso fazer isso depois de abrir 2 gols de diferença no placar. Afinal, a gente sabe como é futebol: mesmo com poucas chances, às vezes num escanteio, numa falta besta (como o Barueri ontem), o adversário acaba marcando um gol. A única forma de evitar esse risco é marcar 2 gols de vantagem e aí sim controlar o jogo em banho-maria. Ontem, o São Paulo só abriu a vantagem de 2 gols no último minuto de partida. Aí nem precisa mais. Tem que acontecer mais cedo.

Tirando essas duas observações (dos quais a primeira é mais importante que a segunda, visto que a segunda só se aplica a jogos cuja superioridade Tricolor é latente, o que não acontece sempre), o time começa a se encaixar e eu pelo menos comecei a enxergar um padrão de jogo mais claro. A equipe ainda joga um 4-4-2 meio manco, pela falta de capacidade de apoio inicial por parte de Renato Silva (que defensivamente vai bem, mas não sabe apoiar nem para começar as jogadas, o que deixou Cicinho e Marcelinho Paraíba, que caíram pelo lado direito, meio isolados no jogo). Mas quando Alex Silva, que é mais qualificado, começar a jogar por ali, a tendência é reduzir essa deficiência e permitir que o São Paulo possa alternar mais suas investidas, ora pela esquerda, ora pela direita.

Enfim, continuo num crescendo, no que diz respeito ao otimismo para com a equipe. Está melhorando.

3 comentários:

JPag disse...

Carlinhos Paraíba não jogou mal?! Que jogo você tava vendo?? Ele só ocupa espaço, corre pra não chegar, não desarma, não dá combate, e se ele acertou 5 passes ontem foi muito. Se ele não tivesse jogando mal, pq cansado ele não tava, o RG não tinha tirado o Hernanes do descanso e deixava ele jogando. Aproveitava e teria gasto a substituição no Marcelinho que não aguentava mais correr aos 15' do 2o. CP só não deve ir no catado pelo Fernandão pq tá inscrito pra 1a fase da Libertadores...

Salvador Nogueira disse...

JPag,

Hernanes, se não me engano, entrou no lugar do Cicinho. Quem entrou no lugar do Carlinhos foi o Cleber Santana.

Quanto ao desempenho dele, eu estava no estádio e achei bem razoável. Não vi errar tantos passes quanto você diz e foi presença importante na mobilidade pelo lado esquerdo, com Jorge Wagner e Ricky. Aliás, se não me engano, o gol do Washington saiu de uma jogada fruto das triangulações dos 3 feitas por ali (não sei se no lance especificamente o Carlinhos participou, pois os vídeos na internet só mostram do Jorge para o Ricky, e dali para o Washington). De toda forma, aquele lado estava bem mais forte que o direito, em parte também pela atuação do Carlinhos.

No lado defensivo, eu também vi muito mais disposição que você. Ele fez, que eu me lembre, uns 2 ou 3 desarmes (o que não é tão pouco, jogando como meia) e deu até mais combate do que os volantes (uma das minhas cobranças). Então, se eu tivesse que eleger os "desaparecidos" do jogo de ontem, o Carlinhos não figuraria entre eles.

Cicinho e Marcelinho (que, de fato, se cansa muito fácil) estiveram muito mais sumidos, até pelo fato de que falta um apoiador bacana pela direita (Renato Silva não faz essa função). Cicinho, aliás, esteve tão sumido que, quando apareceu na área, esteve sempre sem marcação (perdeu um gol cara-a-cara com o goleiro e errou uma cabeçada livre).

Claro, não quero com isso dizer que sou pró-Carlinhos e contra-Cicinho. Na verdade, sou exatamente o contrário. Mas acho que o Carlinhos fez bem o papel do reserva que é, e acho que a torcida cornetou demais o desempenho de ontem. O erro mais grotesco foi do Rogério Ceni, o resto foi mais ou menos conforme o esperado. Ou você realmente tinha a expectativa de um time dando o sangue contra o Barueri, às vésperas de um clássico e um jogo dificílimo pela Libertadores?

Abraços,
Salvador

Anônimo disse...

Ainda acha que o time tá encaixando?

Só se for no ofício de prestigiar os adversários. Primeiro, joga o título basileiro nas mãos do Andrade, técnico tapa-buraco dos urubus.

Depois, toma gol de letra na chegada do "craque" Robinho, aquele que é tão "craque" que voltou humilhado da Europa e até a zaga do Mirassol consegue parar.

Agora, apanha da porcada, com um time sem técnico e vindo de goleada pro São Caetano...

Segundo clássico perdido do ano e aposto o quanto quiserem que o próximo com os gambás vai ser outro vexame, ouvindo olé e tudo mais.

Francamente, pelo futebol que o SPFC está apresentando, seria mais fácil o elenco de 91 (com todos os ex-jogadores já com 40/50 anos) ganhar a Libertadores desse ano do que esse time do Ricardo Gomes.

É brincadeira.