quinta-feira, 24 de abril de 2008
Futebol não teve, mas estamos nas oitavas
Com um gol de Alex Silva, o gigante da zaga tricolor, o São Paulo bateu o Atlético Nacional da Colômbia por 1 a 0 e passou para a próxima fase da Libertadores como primeiro colocado de seu grupo. Falando assim, até parece que foi bom.
Não foi. O São Paulo é um time tão previsível que irrita. Só tem uma jogada, que é o cruzamento de Jorge Wagner para a área, à procura de algum dos grandalhões. Tudo bem que, com os gigantes que temos na equipe, essa é uma estratégia que assusta um pouco os adversários. Por outro lado, essa é a única coisa com que eles têm de se preocupar. Pelo chão, tocando a bola, o time do Morumbi pouco faz. É a falta de meias de ligação que é sentida desde o início da temporada e, até agora, a despeito da contratação de 85 laterais direitos, ainda não foi corrigida.
Muricy sabe dos problemas. Mas não adianta mascará-los como o fez na coletiva de ontem, usando uma comparação com o futebol americano para explicar como o São Paulo joga. Futebol americano não é futebol. E, para jogar bola (porque no outro esporte eles jogam charuto, não bola), é preciso saber conduzi-la no chão. A boa notícia é que o treinador deixou escapar que podem surgir dois novos nomes para a próxima fase -- e a Imprensa São-Paulina tem a informação de que Juvenal está disposto a colocar a mão no bolso (finalmente!) para fazer isso acontecer. Aguardemos os próximos capítulos dessa novela.
Apesar de tudo, a torcida pode acreditar. Nenhum time mostrou, até agora, força de campeão nesta Libertadores. A melhor campanha foi a do Fluminense, o que dá uma amostra boa de como as equipes tradicionais ainda não se firmaram na competição. E há uma porção delas na segunda fase, de modo que muito provavelmente algumas vão crescer e estabelecer um eventual favoritismo. Por que não nós?
E por falar em tradição, na quarta que vem vamos a Montevidéu pegar o Nacional do Uruguai -- equipe tricampeã da Libertadores e do mundo, exatamente como nós. Muricy terá a semana inteira para treinar e decidir quem substitui André Dias na zaga. Decisão difícil.
Algumas lições que ficaram da primeira fase:
- Éder Luis não dá pinta de que vai se firmar como o "novo Leandro", jogando no meio, mas corre bastante e está com fome de bola.
- Ricky está em má fase e merece ficar no banco. Essa talvez seja a coisa que Muricy vá ter mais dificuldade de (querer) enxergar.
- A volta de Alex Silva demonstrou que o São Paulo é melhor mesmo no 3-5-2 do que no 4-4-2.
- Joílson e Juninho ainda não jogam futebol suficiente para ser titulares.
- Jogar bola na área é muito pouco para um time que quer ser campeão.
Diante disso tudo, e sem levar em conta eventuais contratações, meu time para o primeiro jogo contra o Nacional seria: Rogério Ceni, Zé Luís, Miranda e Alex Silva; Jancarlos, Fábio Santos, Hernanes, Júnior e Jorge Wagner; Éder Luís e Adriano.
Mas, claro, se aparecer um meia de verdade, Júnior sai do time e o misterioso contratado entra em seu lugar.
JÁ ESTÁ NO FORNO. Alguém mais está sentindo um cheiro de pizza vindo do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol? Pelo aroma, parece ser bem apimentada.
"O NOVO RUI REI". Juvenal Juvêncio, a raposa velha tricolor, andou incendiando o confronto entre Ponte Preta e Palmeiras, dizendo que o time de Campinas, como peru, deve morrer de véspera e, como diria minha avó, não pagará nem placê na final. E o presidente do São Paulo completou: "Resta apenas saber quem será o novo Rui Rei", insinuando que voltaria a ocorrer episódio semelhante ao que transcorreu em 1977, quando a Ponte perdeu o campeonato para o Curíntia depois da expulsão de seu maior craque, Rui Rei. Dias depois, o dito jogador assinaria contrato com o time da Marginal S/N.
PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: Será que Juvenal fez apenas uma provocação inconseqüente, ou sabe mais do que diz? Fala-se que Renato, meia da Ponte, chegou a ser sondado pelo São Paulo, mas Juvenal negou o interesse (quiçá após uma rejeição?). Minha especulação desvairada: não estaria este mesmo jogador já apalavrado com a Porcaria? Será que Juvenal, a velha raposa, de posse dessa informação, não deu sua declaração de caso pensado, para melar o negócio ou criar constrangimento futuro entre os finalistas? Quem viver, verá.
PÚBLICO TÍMIDO. Confirmando a expectativa criada pela venda antecipada, o público de ontem no Morumbi foi pequeno: 25.902 pagantes. Muricy explicou o desânimo da torcida. "Precisamos jogar melhor." Falou tudo. Mas nas oitavas, com ou sem bom futebol, o número de espectadores deve subir -- isso se não subir também o preço do ingresso.
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