quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Futebol ISO 9001

O São Paulo venceu ontem o Rio Claro por 3x1 e começou a mostrar a (velha) cara do time na temporada. Fez uma partida brilhante? Não. Mas Muricy não costuma pedir brilhantismo do time; o que ele quer mesmo é eficiência.

Destaco a palavra: *eficiência*. Essa é a cara do Muricy como técnico. Ele resolve o time de forma modular, começando sempre pelo acerto defensivo. No ano passado, foi exatamente isso que aconteceu, quando o Tricolor começou a engrenar. Por conta disso, o futebol do time foi chamado de "feio" e "retranqueiro". Ah, e de "campeão brasileiro" também.

Na temporada 2008, até agora a tônica tem sido a mesma. E, como o time não mudou tanto de um ano para o outro, o entrosamento entre os homens de trás está vindo mais depressa. Moral da história: o São Paulo não foi agredido ontem pelo adversário. Tudo bem, o adversário foi o nada-poderoso Rio Claro. Mas o padrão tático tinha que começar a aparecer contra alguém, não é?

A eficiência de que eu falo se traduz nos números. Jogando mal e porcamente, com time desentrosado, o Tricolor tem três vitórias e dois empates (sendo que um deles deveria ter sido vitória, não fosse o apito-gambá-amigo) e é o único invicto da competição. Se a aplicação tática se mantiver para os próximos jogos, a diferença é esses números saltarem ainda mais aos olhos (hoje ainda nem somos líderes do torneio, com a Ponte Preta no topo da tabela).

Isso quer dizer que eu estou feliz?

Não, não estou. A defesa já está se acertando, mas a falta de criatividade no meio-campo está dificultando as vitórias. Ontem mesmo, o placar não reflete exatamente o que foi o jogo. Até os 37 minutos do segundo tempo, estava 1x1. E podia muito bem ter terminado assim, se o Rio Claro não estivesse jogando com um a menos.

Isso é ainda mais grave em vista da saída do Souza. (Aliás, parabéns, Souzinha! Boa sorte na Cidade-Luz!) Agora, temos de torcer para que o Carlos Alberto perca os quilinhos a mais e arrebente na meia -- faz tempo que precisamos de um jogador criativo, driblador e com boa visão de jogo, tudo no mesmo pacote, naquela posição.

Enquanto isso não acontece, continuaremos vendo esse futebol burocrático, mas vencedor, do nosso Tricolor.

O grande ponto de interrogação que fica é se esse estilo de jogo vai funcionar em torneios mata-mata. Eu temo que não. Essa mentalidade é boa para campeonatos em pontos corridos, que privilegiam a consistência e a regularidade, mesmo que os jogos sejam todos 1x0, 1x0, 1x0, 1x0... para mata-mata, você precisa fazer muitos gols, mesmo que tome alguns -- e para isso é preciso mais inspiração que transpiração. Inspiração, aliás, que o Tricolor ainda está por mostrar na Era Muricy.

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